31 de out. de 2011

Eu nunca quis um amor perfeito

Ainda que fosse só a boa conversa, a química eletrizante, o sexo livre. Ainda que fosse só a atração física, a admiração das ideias ou os beijos encaixados. Você já me valeria a pena. Mas não é. Tem isso e ainda todo o resto. Escuto as pessoas se queixarem repetidamente que o amor completo anda escasso no mercado. Encontra-se, às vezes, só a beleza, a afinidade ou o sexo inesgotável. Falta o resto. Ou ainda, a paciência, o companheirismo, o aconchego. Mas a incompletude, ainda sim, reina. E os pessimistas, dizem que não é possível achar alguém do jeitinho que você quer. Alguém que te complete, que te baste, que te encante repetidamente. Eu, insisto no contrário. Porque amores incompletos, não saciam a fome. É como uma dieta só de proteína – você se sustenta por um tempo, se engana, inventa que o buraco no estômago está saciado – bebe água, fuma um cigarro. Mas, a falta de carboidrato, cedo ou tarde, pega.

E você volta pro início.
Eu nunca quis um amor perfeito.
Sempre quis mesmo foi um amor cheio de erros, que vão sendo alinhados durante o caminho. Porque se tudo já começa certo, não vive-se o prazer da vitória.
Sempre quis um amor quentinho, daqueles de aconchego no fim de tarde, de colo depois de um dia de cão, de beijo no nariz ao acordar.
Sempre quis um amor livre – sem a ideia desajustada que um pertence ao outro. Com menos regras ditadas – e mais pontos de vista ouvidos.
Sempre quis alguém com o qual pudesse fazer sexo sem regras – em nome das descobertas. Porque sexo bom de verdade, é aquele com instinto e sem razão.
Sempre quis um amor com respeito. Não daquele tipo das “moças de respeito” que querem seu patrimônio corporal preservado. Sempre quis aquele respeito que te permite ver o outro como um outro ser – cheio de vontades e desejos. Respeito é aceitar que o outro é diferente de você.
Sempre quis um amor que me fizesse crescer. Por que o essencial, faculdade nenhuma ensina. O essencial aprende-se na troca de ideias, no debate, nos pontos de vista trocados.
Sempre quis um amor que me valorizasse. Não somente pelas coisas cotidianas, mas principalmente pelas qualidades que poucos enxergam.
Sempre quis um amor que me enxergasse. Mas não que enxergasse somente as coisas óbvias – porque, de obviedades, a vida está cheia. Sempre quis alguém que me enxergasse lá no fundo – e, ainda, sim, gostasse de mim.
Sempre quis alguém que quisesse ouvir verdades – e falar, também, na mesma proporção. Porque meias-verdades não interessam. Difícil mesmo é achar alguém que esteja pronto pra ouvir até o mais pesado, até o mais doído e retribuir na mesma moeda.
Sempre quis alguém que me achasse gostosa – mas que entendesse que gostosura, mora mesmo nas entrelinhas.
Sempre quis um amor que me mostrasse caminhos – invés de impor trajetórias.
Sempre quis um amor que não me reprimisse – pelo contrário, que me provocasse para que eu conseguisse mostrar o que vive escondido lá no fundo.
Sempre quis um amor que sonhasse. E que corresse atrás dos sonhos comigo. Não por imposição, mas por vontade de seguir a mesma trilha.
Sempre quis alguém que não tivesse jeito pra joguinhos. Porque deles, eu já me desencantei na adolescência.
Sempre quis alguém que me ganhasse nos detalhes. Alguém ao qual eu não conseguiria resistir. Alguém que trouxesse brilho pros meus olhos a cada nova atitude, a cada nova ideia a cada novo sorriso.
Sempre quis alguém pra ficar junto – alguém que entendesse que pra estar junto não é preciso estar perto o tempo todo, mas sim do lado de dentro. Por que a proximidade física nem sempre completa tanto quanto a do coração.
E não sei se foi por insistência ou merecimento – mas esse amor veio antes do esperado, contrariando os que diriam que amor completo é coisa rara. E hoje, entendo, que o amor bom é o amor livre – que se recicla todos os dias como energia renovável. O quanto vai durar – não sei. Prefiro a provisoriedade completa, do que a permeabilidade vazia.

- Texto de Jaque Barbosa

28 de abr. de 2011

Coisa que não acaba no mundo é gente besta e pau seco

Ocupo muito de mim com o meu desconhecer.
Sou um sujeito letrado em dicionários.
Não tenho que 100 palavras.
Pelo menos uma vez por dia me vou no Morais
ou no Viterbo -
A fim de consertar a minha ignorãça,
mas só acrescenta.
Despesas para minha erudição tiro nos almanaques:
- Ser ou não ser, eis a questão.
Ou na porta dos cemitérios:
- Lembra que és pó e que ao pó tu voltarás.
Ou no verso das folhinhas:
- Conhece-te a ti mesmo.
Ou na boca do povinho:
- Coisa que não acaba no mundo é gente besta e pau seco.
Etc.
Etc.
Etc.
Maior que o infinito é a encomenda.
(O LIVRO DAS IGNORÃÇAS|1ª parte: Uma didática da invenção)
MANOEL DE BARROS

5 de abr. de 2011

em plena madrugada: bom dia, vida!

em plena madrugada: bom dia, vida!


é...

nesses 47 dias de 2011 eu aprendi que realmente a vida é rara e frágil.
a qualquer momento tudo pode dar um giro de 360° e em 5 segundos você se vê sem chão. 
nesses 47 dias já me vi assim duas vezes: sem a dê e sem o ricardo. 
no momento (e até agora e em outros mais) pareceu que arrancaram meu coração pela garganta, me arranharam as vísceras por dentro e não me disseram porque levaram cedo alguns dos meus melhores sorrisos. 
ficou em mim a saudade... essa maldita que nunca vai cessar. ela me rouba algumas noites de sono, muitas lágrimas e me ocasiona constantes apertos no peito. 
esses vazios, esses furos na minha vida, me obrigaram a reavaliar muita coisa desses meus vinte&poucos anos. mas a mais importante de todas foi a forma como eu estava usando o meu tempo para ser feliz. o tal do "carpe diem" (que todo mundo acha bonitinho, mas ninguém leva a sério do jeito certo) não é se jogar de cabeça nas coisas mais ridículas do mundo acreditando que está vivendo lou-ca-men-te o momento e blábláblá. é saber dar atenção para quem necessita e merece. e não só carinho e atenção, mas o pacote "afeto" completo: carinho, amor, aconchego, tralálá-tralálá, etc etc. Viver o agora como se não houvesse amanhã é deixar de investir energia em coisa desnecessária para aproveitar melhor a vida. é saber dosar, é saber silenciar, é saber falar. é saber aprender a viver. tô tentando deixar pra lá tudo o que não me faz bem e tentar levar as coisas com mais leveza e harmonia.

*a saudade, aquela maldita, veio encher o saco. então deixa eu finalizar antes que os lencinhos de papel acabem por aqui!*
resumindo tudo: a vida é rara e pode acabar em uma piscadela.
então pare de postergar. pare de deixar para amanhã, depois ou nunca aquele beijo que você morre de vontade de roubar, aquela palavra que necessita sair da sua boca, a desculpa pela briga boba ou o olhar fatal (ou a twittada fatal) pra pessoa que você insiste em acreditar que nem nota a sua existência. 
vá em frente, dê a cara a tapa. se não der certo, pelo menos valeu a tentativa e você nunca vai ficar remoendo como seria "se tivesse sido".

eu queria muito ter a possibilidade de viver muito mais tempo com esses dois seres lindos que Deus levou pra perto dele agora pouco... mas o tempo acabou.
"e daí, de hoje em diante
todo dia vai ser o dia mais importante."

eu era um lobisomen juvenil @ legião urbana

[postagem original de 17/02/2011]

2 de abr. de 2011

Oração da Serenidade



Concedei-me, Senhor
a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar;
Coragem para modificar aquelas que posso;
e Sabedoria para conhecer a diferença entre elas.
Vivendo um dia de cada vez; 
Desfrutando um momento de cada vez; 
Aceitando que as dificuldades constituem o caminho à paz;
Aceitando, como Ele aceitou, este mundo tal como é, e não como Ele queria que fosse; Confiando que Ele acertará tudo contanto que eu me entregue à Sua vontade; 
Para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e supremamente feliz com Ele eternamente na próxima.
Amém.

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24 de mar. de 2011

Ao libanês desgraçado.

Necessidade urgente de escrever. Vomitar palavras, desejos. Colocar pra fora todo esse incômodo que sabe-se lá se posso chamar de dor. Decepção. Sim, decepção, essa é a palavra. E é dela que eu faço coleções.

Pra que mentir? Ele gosta de sexo? Tudo bem, eu também. "Uma relação não é pautada nisso... é?" Mas... pra que mentir? Ele tem uma família em São Paulo? Ah tá. não entendi.

Medo. O medo tomou conta de mim. ainda bem que eu não cedi. Foi divertido enquanto durou. Acho que a vida é assim, ela é divertida enquanto dura. Dói, mas o que dói é essa nojenta realidade, que fica cada vez mais repugnante e explícita, de que as pessoas não valem a pena... de que eu tenho toda a certeza do mundo em querer me preservar, mesmo no fundo não querendo ter certeza alguma assim. Dói a tentativa de fazerem você de boba. Só a tentativa, porque graças a Deus, aos meus neurônios e ao meu pai São Jorge eu sou esperta e inteligente e não sou fácil de engabelar. Quando você tá indo com a cana eu já voltei com o algodão-doce no palito.

Dói essa situação desprezível de certificação de que a mentira, aquela velha conhecida humana, é masculina. Ela deveria ser chamada "o mentiro". 

Ainda bem que não cedi, não me aprofundei... não o deixei se coroar senhor rei de mim. Foi bom enquanto durou, mas serviu para deixar um pouco mais duro o meu coração. É de cimento a matéria de que ele quer ser feito. Não quero mais o coração parente daquele coração do Saramago: carne estraga e apodrece. Sangra, sangra demais. O meu vai continuar sangrando até depois que tiver nele mais de 30% de cal. Não tem jeito, sou humana... mas graças a Deus sou inteligente.

28 de jan. de 2011

palavras, use-as com moderação.

eu tenho ciúmes das palavras.
se usou alguma comigo, não pode utilizá-la com mais ninguém... tem toda uma idéia inserida ali, todo um carinho, um afago, uma lembrança.
não se pode chamar o primeiro e o atual namorado pelo mesmo apelido. é anti-ético. cadê a dignidade do afeto? o apelido é recheado de paixão, cada um deve ter o teu.

odeio ler a mesma frase de impacto para mim e pra fulaninha que você conheceu no show no final de semana passado. as mesmas rimas repetidas me dão náuseas. me fazem repensar a sua criatividade e sensibilidade. me deixam com vontade de te pegar pelo pescoço e te perguntar: "e aí, pra você poesia é delicadeza ou é só uma forma mais sutil de brincar com uma paquera?". 

não gosto de quem prostitui as palavras. por favor, use-as com moderação.

15 de jan. de 2011

uma vida pra tirar você da minha


A vida continua, eu sei.
mas meu sorriso tá meio torto,
meus passos meio bobos,
meus pensamentos meio fora-do-ar.

vizis, poderíamos não estarmos juntas a todo momento mas sabíamos que uma tinha a outra sempre ao alcance de um abraço, uma mensagem ou uma ligação.

seu sorriso fácil, seu encanto doce, sua voz suave...
correm lágrimas de mim quando penso que não poderei mais desfrutar de tudo isso ao vivo. agradeço a Deus, pra sempre, o privilégio de ter te conhecido.

ai, como você me fez bem.
ai, como me fez sorrir mais.
ai, saudade que me maltrata agora.

eu sei que é de um egoísmo ridículo só pensar no meu sofrimento, mas, ele é o único que eu posso mensurar. é só ele que eu conheço a fundo e detalhado. é ele que eu sinto.

bem sei do sofrimento dos outros. da família, do seu grande amor e dos tantos outros amigos que você cultivou com seu jeitinho especial (não tinha como não gostar de você, nega. não tinha.), mas sendo eu tão pequena, o que eu posso fazer com o sofrimento deles além de dar meu ombro e carinho? eu compartilho da dor, é isso. queria poder colocar todo mundo no colo, dizer que você jã volta e com isso estacar o vazio de não ter mais seu riso entre nós... mas infelizmente não tenho todo esse poder.

Deus quis assim amiga, você agora aí pertinho dele. pra encantar os anjos, correr entre as nuvens brincando de se esconder entre essas paredes de algodão, cantarolar e iluminar ainda mais o céu, ajudar a Nine a continuar cuidando da gente. e eu? eu preciso aceitar melhor isso... preciso aceitar.
sabe o que é? é que eu queria mais tempo pra gente brincar, rir, chorar, gargalhar, enfim... viver um pouco mais e um pouco mais juntas. tudo me lembra você e isso esmaga meu coração. sua doçura nunca vai sair de mim, vizis.

obrigada por tudo o que vivemos. e agradeço por continuar a me ensinar daí, do céu ou de qualquer outro lugar iluminado que você possa estar. vou tentar fazer valer o meu lema que você apoiou: "um dia de cada vez", aquela coisa meio AA de "só por hoje" e coisa e tal. e tentar viver sempre com aquela vontade de comer a sobremesa antes de todo o resto, a pressa de ser feliz e o tal do sorriso no rosto que contraria 99,9% do mundo que eu aprendi com você.

eu sou sua fã pra eternidade, Dêzoca!


a vida continua, eu sei. mas respirar anda tão pesado.

11 de jan. de 2011

faltando um pedaço

meu coração tá moído, arrancaram ela de mim. a primeira impressão é de que me roubaram o chão e não tenho mais onde ou no que me sustentar.

eu tinha ainda uma música pra mostrá-la, cujo nome é o apelido dela: "Dê", do Cérebro Eletrônico.
nós tínhamos planos de fazer mochilão pela América do Sul logo que as coisas entrassem nos eixos.
a cupcakeria iria se transformar em concreto, parede, vidraças, balcão... quer dizer, iria ganhar o mundo e ser mais sucesso ainda.
eu iria fotografar o casamento dela com o rafão.

... ainda iríamos rir de muitas bobeiras juntas. inventar palavras. compartilhar segredos. twittar coisinhas uma estando ao lado da outra. dar aquele sorrisão quando algo legal acontecia pra gente. ainda queríamos ser do mesmo time. ganhar unidas no imagem&ação. entrar na rua errada. passar com tudo no único quebra-molas da Júlio de Castilhos. cantar no caminho de volta pra casa, dentro do carro com o ar condicionado congelando nossos ossos. fazer piadinha com o uivado triste do cachorrinho do vizinho. salvaríamos o mundo numa piscada de olhos. piquenique no parque, violão, doces e fotografias: o mundo poderia não estar perfeito, a fome ainda assolaria a Etiópia, mas... o nosso domingo teria sido completo, feliz e divertido. estaríamos leves e plenas para enfrentar mais uma semana nesse mundo cruel. tudo porque a certeza de que algumas horas com pessoas que valem a pena fazem mágica em nossas mentes e coração. é, eu sentia o que era felicidade quando estava com ela.

Dê, você é desses anjos que vem e colorem tudo... e, como fazem tudo lindo e perfeito, precisam partir logo pra continuar sua missão em outro lugar. meu amor por você é pra sempre, vizis.

fica por perto. ´te amo.

2 de jan. de 2011

poetisando

te encontro
mas não me encontras
me percebes apenas
vai me descobri a noite
enquanto durmo e você me pensa
me pesa nos teus pensamentos
procura por mim nos zodíacos, orixás.
mais tarde a gente se encontra,
deixe os sonhos pra trás.